É muito importante que nossos(as) pacientes compreendam como o corpo reage aos preenchimentos líquidos injetáveis. A complexidade, abrangência e o quão trabalhosa será a cirurgia dependende da quantidade injetada e das reações adversas já presentes.
Nosso corpo reage à presença de qualquer material estranho envolvendo-o com tecido fibroso, na tentativa de isolá-lo do resto do corpo. Com o preenchimento líquido, este processo acontece de maneira desordenada e contínua, causando fibroses ao longo dos anos e consequentemente os problemas que já conhecemos: má circulação, inflamações, dores, deformações, podendo chegar à necrose dos tecidos devido ao comprometimento circulatório.
Portanto é muito importante compreender que após alguns anos da realização da aplicação, o material não é mais um líquido dentro do seu corpo, mas sim um emaranhado de tecidos envolvendo pequenas partículas do preenchimento original, formando milhares de aglomerados que são trabalhosamente removidos para chegar a um bom resultado quanto a estética e saúde.
Na cirurgia plástica para retirada de preenchimentos líquidos do corpo, removemos a maior quantidade possível do material, preservando os tecidos saudáveis para modelar e manter o volume da área afetada, finalizando o procedimento com o acabamento voltado para a estética.
Uma vez injetado, é impossível a remoção completa do material do corpo, porém, temos resultados muito positivos quanto a diminuição das dores, inflamações e estética.
Ao longo de 40 anos de experiência neste tipo de cirurgia, e conhecendo as deformações, o desconforto e a perda de qualidade de vida dos pacientes, afirmamos que a utilização desses preenchimentos em grande volume em qualquer parte do corpo, não é um procedimento seguro, independentemente do componente químico utilizado. Todos causam a mesma reação nociva no corpo.
Mais Informações: Retirada de Preenchimentos do Corpo (Silicone, PMMA, outros…)
A retirada do silicone líquido do corpo é feita através de incisões próximas aos locais alterados, tirando-se pele, tecido subcutâneo e as placas fibrosas onde o silicone se encontra infiltrado.
Estas cirurgias resultam em cicatrizes que podem ficar mais ou menos aparentes dependendo da resposta cicatricial de cada indivíduo, pois embora feitas dentro das técnicas e cuidados mais adequados e modernos, sempre dependem da reação cicatricial de cada um. Em alguns casos resultam também em algumas depressões nas regiões onde foram realizadas as intervenções, sendo possível uma futura correção em alguns casos.
É impossível a retirada total do biopolímero. A cirurgia tem por objetivo a retirada da maior quantidade possível do produto, dentro dos limites da técnica e do próprio corpo humano, melhorar o aspecto estético das regiões afetadas e diminuir a incidência das reações inflamatórias. Algumas vezes, para obter um resultado melhor, são necessárias mais de uma intervenção cirúrgica.
Portanto, sempre haverá resquícios do preenchimento, então esclarecemos para nossos pacientes que jamais podemos prometer que não voltarão a ter problemas, podendo vir a precisar de nova intervenção cirúrgica no futuro. Mas o que vimos ao longo destes mais de 40 anos de experiência, é que a remoção é sempre benéfica.
Preenchimentos Líquidos não absorvíveis: Alterações e Reações comuns
o Migração: a movimentação do produto pelo corpo, o caso mais comum é quando injetados nas nádegas descem para coxas, pernas e pés, mas também já vimos casos em que o produto sobe pela região lombar.
o Deformidades de pele, alterações na coloração e textura da pele, ficando com tons vermelho-arroxeados, que escurecem e deixam a pele porosa, com o aspecto da casca da laranja;
o Inflamações e Infecções muito sérias e de difícil controle com medicamentos apenas sistêmicos;
o Necroses de pele também podem vir a acontecer nos casos mais graves;
o Alterações circulatórias nos locais atingidos.
o Algumas vezes, principalmente nas crises inflamatórias, levam a dificuldades de locomoção.
Perguntas Frequentes sobre a cirurgia e pós-operatório:
1 – Qual é o tipo de anestesia e o tempo de internação?
R: A anestesia é peridural com sedação e o tempo de internação é de 12 a 24 horas.
2 – Como é o pós operatório?
R: Logo após a cirurgia, em geral são deixados drenos nos locais da intervenção, eles ficarão de 3 a 5 dias. No dia seguinte ao procedimento o(a) paciente tem seu primeiro retorno com o Dr. Luiz Paulo em sua clínica e então farão o planejamento para os próximos, normalmente começamos a cada dois dias e diminuímos as visitas conforme a evolução. O acompanhamento pós operatório costuma durar de 15 a 30 dias, podendo ser estendido caso necessário. O inchaço (edema) mais intenso dura em torno de 15 dias, mas a recuperação total será entre 6 a 9 meses.
2 – Quanto tempo para voltar às atividades normais?
R: Por cerca de 20 dias após o procedimento, não deverão ser feitos esforços físicos desnecessários, após este período o(a) paciente já pode retornar às atividades normais. Quanto a exercícios físicos, em geral são liberados após 30 dias, mas o retorno a sua intensidade normal deve ser feito gradualmente
4 – Qual é a expectativa em relação à dor?
R: O pós-operatório é incômodo e um pouco de dor pode existir, mas pode ser facilmente controlado com analgésicos comuns.
5 – Quais as complicações que podem existir?
R: Como em todas as cirurgias, podem acontecer inflamação ou infecção no local e formação de seromas (coleções líquidas / acúmulo de líquido), mas de fácil resolução. Raramente pode ocorrer algum tipo de necrose devido a alteração que esses produtos causam nos tecidos, neste caso também será fornecido tratamento adequado.
6 – Existirão pontos para serem retirados?
R: Sim. Os pontos serão retirados em torno de 10 a 15 dias após o procedimento.
7 – A cirurgia para remoção de biopolímeros garante que não terei mais reações inflamatórias ou outros problemas relacionados ao preenchimento?
R: Não podemos garantir que nunca mais haverá problemas, pois nunca é possível remover 100% do preenchimento líquido. O que podemos afirmar pela nossa experiência é que quanto maior a retirada menor a frequência de todos os tipos de reação adversa causadas pelo silicone. Porém há um limite do que se pode fazer em apenas uma cirurgia, por isso há casos em que a recomendação inicial já são duas cirurgias para se chegar ao melhor resultado. Em outros casos não se planeja imediatamente uma segunda intervenção mas a paciente volta a sentir incômodos e ter inflamações, nessa ocasião a recomendação poderá ser se submeter a um novo procedimento, porém temos também muitos pacientes que nunca mais tiveram problemas, cada caso é um caso.
Considerações Finais
Uma boa avaliação e esclarecimentos entre médico e paciente são muito importantes para a realização de qualquer procedimento cirúrgico.
Para submeter-se a retirada de biopolímeros, o paciente será orientado a fazer os exames pré-operatórios para avaliar suas condições físicas e deverá seguir às orientações de seu cirurgião plástico sobre como agir no pré e pós-operatórios, que em muito contribuirão para um melhor resultado.
Qualquer processo cirúrgico tem seus riscos, em geral estes são: irritação da região operada; infecções são possíveis apesar de todos os cuidados, mas são extremamente raras; sempre existem cicatrizes em todos os locais onde foram feitas as incisões e alguma assimetria pode acontecer, o resultado das cicatrizes, apesar de feitas dentro da melhor técnica possível, depende muito mais do processo cicatricial de cada indivíduo e do seguimento correto das recomendações pós-cirúrgicas de seu médico; necroses de alguns locais podem ocorrer, embora que muito raramente, em qualquer cirurgia, a frequência é maior entre os fumantes.